Na atual temporada, Cairo acertou todos os seus 20 chutes, sendo 12 de mais de 40 jardas e dois para mais de 50. Se ele não errar nenhum field goal no sábado, contra Houston, ele será o segundo kicker da história a tentar 20 field goals ou mais e acertar todos.
Concorrendo com Cairo, aparecem Caleb Sturgis, de Florida, e Dustin Hopkins, de Florida State. O vencedor será anunciado no dia 6 de dezembro e você pode votar para Cairo clicando aqui.
Em entrevista exclusiva ao ExtraTime, Cairo contou sobre como conheceu o esporte, sua ótima temporada e as chances de ser escolhido por uma equipe da NFL no draft.
Como surgiu o interesse pelo futebol americano e a oportunidade de jogar em Tulane?
Quando estava no ensino médio, vim para a Flórida por meio de intercâmbio e pensava em ficar um ano para conhecer a cultura do país. Como eu sempre joguei futebol no Brasil, comecei a jogar por aqui e meus amigos viram que eu tinha um chute forte. Aí eles me falaram que eu poderia jogar de kicker no futebol americano. Aceitei por querer aprender a cultura, já que eu não sabia nada sobre o jogo e não conhecia as regras. Comecei a gostar e me disseram que tinha chance de conseguir uma bolsa universitária. Conversei com meus pais e minha família aqui nos EUA, as duas me apoiaram para que eu terminasse o ensimo médio por aqui. Aí conheci um técnico que me ajudou e eu consegui a bolsa aqui em Tulane.
Como está a ansiedade para seu último jogo, já que pode terminar a temporada sem errar nenhum field goal?
Jogando em uma equipe que não é tão grande, passamos por um grande sufoco para avançar em campo e chegar em uma posição de field goal. E por isso, acabei tento oportunidades de chutes tão longos. Estou em fase muito boa, consegui me concentrar em todos os chutes e acertei tudo. A ansiedade é grande, mas quero continuar essa boa fase e me focar para continuar acertando. Mas o foco continua sendo pensar no próximo chute e acertar.
Na sua última partida, você chutou um field goal que só entrou depois de bater na trave e saiu de campo desapontado com seu desempenho. Você já estava nervoso com isso ou foi só distração do momento?
Para falar a verdade, eu já estava bem nervoso. Sabia que a lista dos finalistas sairia na segunda e eu sei que não deveria ter pensado nisso, mas senti nervosismo e os batimentos do coração subirem. Peguei na bola de forma diferente, ela foi um pouco para a esquerda e tive sorte dela bater na trave antes de entrar. Por isso disse que não estava muito feliz, já que deixei minha concentração escapar. Mas estou tentando me concentrar mais essa semana para que isso não aconteça novamente.
Sua família brasileira acompanha sua carreira por aí?
Nossa universidade transmite os jogos pelo seu site, então criamos uma conta e eles podem assistir de Brasília. Quando jogamos fora de casa, não tem como eles verem. Mas eles entram em sites, olham as estatísticas e sempre me ligam após as partidas. Eles acompanham bastante e estarão aqui na cerimônia de premiação.
É a primeira vez que nós temos um jogador perto de um resultado tão expressivo no futebol americano. Por mais que a NCAA não tenha tanto espaço no Brasil, você acha que isso pode ajudar o crescimento do esporte?
Tomara que sim, seria muito legal. Gostaria de ver algum jogo da NFL no Maracanã, assim como eles fazem em Londres. Também sei que existem times de futebol americano em Brasília. E tomara que possamos produzir mais kickers que venham jogar por aqui, até porque muita gente tem potencial para chutar bem uma bola.
Você está no terceiro ano de faculdade e já pode ir para o draft da NFL. Você tem expectativas de tentar e ser escolhido por uma equipe da liga profissional? Até vi você ranqueado como o 18º melhor kicker de uma lista de 56 em um site especializado em draft.
Olha, eu não sabia disso. É uma coisa que eu ainda não pensei, mas chegar no profissional virou um sonho e um objetivo para mim. Acho que ainda preciso ficar mais forte e me preparar mais para fazer os testes para a NFL. Então devo voltar para meu último ano de elegibilidade e, se Deus quiser, ter mais uma boa temporada para tentar subir nas listas.
Como funciona o treino de vocês?
Sendo kicker, é bem diferente. Todas as posições do futebol americano têm os seus técnicos específicos e além dos treinos conjuntos, eles fazem atividades separados. Os kickers não têm um técnico, então nossos treinos são nós e as bolas em um dos lados do campo. O treino é necessário, mas temos que calcular o número de chutes para não abusar e acabar cansando a sua perna. É muito individual e precisa de muito preparo. E não temos ninguém para nos falar o que estamos fazendo de certo ou errado, então confiamos no outro kicker para a contagem e ajustes. De vez em quando, ligo ou mando mensagens para o técnico que me ensinou a chutar no ensino médio. Aí ele me fala se tem algo errado na minha técnica ou na forma que eu chuto.
Você acha que dá para ganhar o prêmio? Fechar a temporada como apenas o segundo kicker da história do FBS a não errar nenhum field goal é uma grande responsabilidade, não?
Seria uma honra muito grande ser o segundo kicker a terminar uma temporada sem perder field goals. É uma responsabilidade grande e sobe para a cabeça, mas estou pensando é no meu próximo chute. Caso termine sem errar nenhum, acho que tenho uma grande chance de vencer. Até porque os outros dois kickers já erraram quatro chutes cada e os meus chutes foram mais longos, o que aumenta a dificuldade. Então tenho que terminar bem esse jogo.
Você acertou um field goal de 57 jardas nesta temporada, recorde de sua faculdade. É o seu maior alcance?
Ah, em treino nós sempre tentamos chutar de mais de 60, ainda mais quando o vento está favorável. É raro tentar um chute de 65 com vento, então focamos mais em situações de 50 jardas ou menos. Mas em dias que estou bem, consigo chutar 65 ou 67 jardas.
E vocês jogam no Superdome, casa dos Saints, mas treinam em estádio aberto. Atrapalha muito?
Nosso treino é em estádio aberto e sempre com muito vento. Só treinamos em dome na pré-temporada, quando vamos para o Superdome. E a bola não vai tão longe assim nos domes, por causa do pouco ar. Mas a trajetória do chute não é alterada.
Ao final da entrevista, Cairo perguntou se algum brasileiro já havia sido finalista do Lou Groza Award ou entrado na NFL. Quando informei que não, começamos a conversar e chegamos a falar de outro kicker brasileiro, Maikon Bonani, que joga em South Florida.
Então, nossas esperanças atuais de um jogador na NFL estão divididas entre você e o Maikon. Vocês se conhecem?
Eu conheço o Maicon. Ano passado, nosso técnico de times especiais veio de South Florida, então ele me falou mais sobre ele, já que eu já acompanhava o trabalho dele por estatísticas. Conversamos por facebook e ele deveria ter sido indicado ao prêmio, já que ele teve uma boa temporada.
fonte: http://extratime.uol.com.br/conheca-brasileiro-indicado-ao-premio-de-melhor-kicker-da-ncaa/